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Conimbriga, Império Romano |
I
Comecemos por averbar Catarina
II, a Grande ( Stettin, 02/ 05/ 1729 – São Petersburgo, 17/ 11/ 1796 ), que, em
Moscovo, em Setembro de 1762, se fez coroar Imperatriz e Autocrata de todas as Rússias.
Que foi nada em Stettin, na Pomerânia, com o nome de Sofia Frederica Augusta. Que
incentivou a criação de copiosas escolas, que fundou, de feito, o primeiro estabelecimento
de ensino destinado às mulheres, quero eu dizer, o Instituto Smolny. Que mantinha,
como é sabido, correspondência, com Voltaire, Diderot e D’Alembert. Mercando,
aos seus herdeiros, a biblioteca de Voltaire, aquando da morte deste – e incorporando-a,
cauta e culta, na Biblioteca Nacional Russa. E comprando, em 1765, por 15 mil
libras, a biblioteca a Diderot, acrescida, essa oblata, de uma pensão anual de
1000 libras chorudas, para que permanecesse, o gaulês, em Paris, como guarda e
guardião da própria biblioteca, que seguiria, por tácito acordo, para as terras
da Rússia, depós a morte do enciclopedista. Catarina, desta sorte, incentivava
a cultura, ela era, para os letrados, uma grande mecenas. «Verbi gratia», em
1762, o governo francês ameaçou Diderot de interceptar a publicação da
«Encyclopédie», por ela ser, desta sorte, anti-religiosa. A Grande Catarina, ao
disto saber, propôs a Diderot que ele prosseguisse o seu trabalho na Rússia,
sob a sua protecção – e alargava o seu convite a D’Alembert, outrossim. Pra se
manterem, dessarte, independentes, nenhum dos dois escritores aceitou, na sorte,
a convocação. Manda a História que eu averbe aqui deveras: em 1767, a
Enciclopédia começa a ser traduzida para russo e é eleito, o Diderot, membro da
Academia das Artes de São Peterburgo. Talvez, por isso mesmo, Voltaire a
chamasse de «a estrela do norte» e a «Semiramis da Rússia». Talvez, por isso
mesmo, Catarina acolhesse, no seu seio, jesuítas expulsos de vários países
europeus, incluindo Portugal. Ratificando, rectificando e concluindo, tinha, a
czarina, a maior colecção de arte da sua época – e reuniu, em Sampetersburgo, no
Museu Hermitage, milhentas e milhares de peças culturais, incluindo quadros,
esculturas e jóias, armas, dessarte, e por isso antiguidades. O Museu, que foi
fundado em 1764, ocupa, actualmente, seis edifícios, incluindo o Palácio de
Inverno dos Czares, e comporta, ou compreende, um acervo superior a três
milhões de peças. E quanto, agora, à Biblioteca: nascido a partir da colecção privada
de Catarina II, o Arquivo, actualmente, tem um número superior a 700 000 volumes
de Arte, arquitectura, história e cultura. Sendo que a czarina possuía, e tinha
ao seu dispor, mais de 10 000 volumes de livros raros e antigos. Para bem,
portanto, de nós outros. Parabéns à Música, ao Museu, e ao Templo das Musas. Uma
nótula, aqui, para o estreme estudioso: Sofia Frederica, em 1744, trocou a
religião luterana pela ortodoxa e adoptou, com «adresse», o nome de Catarina.
Catarina, pois, a grada, graciosa, e por isso grandiosa. Ou eu diria: Catarina,
desta sorte, a Amiga de ABC……………….
II
Averbemos alguns feitos, e os factos,
de Manuel Maria Barbosa du Bocage, nado em Setúbal, dessarte, a 15 de Setembro
de 1765. Foi ele primo, em segundo grau, do zoólogo e naturalista José Vicente
Barbosa du Bocage. Seu Pai, que era advogado, tinha por nome José Luís Soares
de Barbosa. Afecto a Young, o pré-romântico inglês, cultivava, com valor, a
Poesia em horas vagas. Acusado de ter desviado fundos da comarca pacense, foi
preso, em 1771, no tronco do Limoeiro, só vendo, novamente, a liberdade, com a
morte de D. José, em 1777. Tinha, o Poeta, um irmão e quatro irmãs. Sua Mãe, D.
Mariana Joaquina Xavier Lestof du Bocage, era filha do francês Gilbert Hédoux
du Bocage, que atingira, na nossa Marinha, o posto bem grado de vice-almirante.
A celebérrima Poetisa francesa, Madame Anne-Marie le Page du Boccage, era casada,
cultamente, com um tio-avô de D. Mariana. Madame Anne-Marie traduziu, para
francês, o «Paraíso Perdido» de John Milton, arremedou, de Gessner, a «Morte de
Abel», escreveu a tragédia «As Amazonas» e, ademais, «La Columbiade», poema
épico em dez cantos que lhe valeu o gabo de Voltaire e, com laurel, o prémio
primeiro da Academia de Rouen. Revertendo, agora, a Manuel Maria. Quando ele
tinha, dessarte, cerca de anos dez, falece, de facto, a Dona Mariana. Como ele
próprio confessa: «Aos dois lustros, a morte devorante / Me roubou, terna mãe, teu
doce agrado; / Segui Marte depois, e enfim meu fado / Dos irmãos e do pai me
pôs distante.» Quero eu aqui dizer: no
pátrio Setúbal, inicia, Elmano, sua carreira mavórcia jurando bandeira, a 22 de
Setembro de 1781, como soldado da arma de Infantaria. E transitando para a
Companhia dos Guardas-Marinhas em Agosto de 1783, é dado, alfim, como desertor,
a 6 de Junho de 1784. Enamora-se, apaixonadamente, de D. Gertrudes Homem da Cunha
Eça, a quem chama, nos poemas, Gertrúria. Nomeado, entretanto, Guarda-Marinha,
parte, preste e pronto, para a Índia, a 04/ 04/ 1786, fazendo escala no Rio de
Janeiro e passando, desta sorte, por Goa, Damão e Macau – e ao voltar, deveras,
da sua viagem, em Agosto de 1790, encontra a Gertrúria consorciada,
brutalmente, com o seu próprio germano, Dr. Gil Francisco Barbosa du Bocage.
Como ele próprio divinou: «Por bárbaros sertões gemi, vagante: / Falta-me inda o
pior, falta-me agora / Ver Gertrúria nos braços de outro amante.» Em Lisboa,
novamente, sem fortuna, sem carreira e sem dinheiro, ei-lo que volta à estroinice
das noitadas, do álcool, dos beletristas botequins. Frequentava, bargante e
bragante, o Café Nicola – e era assíduo às tertúlias do Agulheiro dos Sábios, no
Botequim das Parras. Pouco depois da sua volta à amada Ulisseia, notícia,
deveras, nefasta e infeliz: um Amigo do Poeta, o filho terceiro do Marquês de
Marialva, morre, infaustamente, afogado no Tejo – e impressa com as iniciais M.
M. B. B., o Poeta dá a lume, em letra redonda, a «Elegia que o mais ingénuo e
verdadeiro sentimento consagra à deplorável morte do Illmo. e Exmo. Sr. D. José
Tomás de Menezes» - e se trata de um folheto, in quarto, de 24 laudas, e Bocage
se debuta, no mundo literário, sob o signo ou insígnia duma alta nobreza. Adere,
então, em 1790, à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde entra com o
nome de Elmano Sadino. As sessões realizavam-se, semanalmente, às
quartas-feiras, em casa, caroal, do Conde de Pombeiro, onde campeava, cantava e
se acolhia, o Padre Caldas Barbosa, mulato brasileiro conhecido por Lereno. Para
que conste, o nome do anfitrião, ele era, de feito, José Luís de Vasconcelos e Sousa
( 1740 – 1812 ), desembargador e fidalgo da Casa Real. Por consórcio, a 29/ 11/
1783, com D. Maria Rita de Castelo Branco Correia e Cunha, a sexta, e selecta,
Condessa de Pombeiro, ficou, D. José Luís, com o título de Conde, e a Marquês
foi elevado em 1801; se reunia, a tertúlia, no seu palácio de Belas. E passa depós, o grupo dos Poetas, para uma sala
no Castelo de São Jorge, cedida por Manique,
sob os régios auspícios de D. Maria I. Vertendo a Bocage, depois de
pândegas e estúrdias com Elmiro Tagideu, Elmano desentendeu-se, fartamente e
fortemente, com o Padre José Agostinho de Macedo, vulgo, o Padre Lagosta, que
foi expulso, a 18/ 02/ 1792, da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, por ser,
na sanha, «contumaz e incorrigível». Havia de ser, mais tarde, Pregador régio,
e membro, com mendacidade, da Real Mesa Censória. De uma feita, em 1801, como, numa
sátira, Macedo acusasse, o Bocage, de ser «vadio e inútil», o sonetista
desfere, contra ele, a faceta e famosa «Pena de Talião». Em lhaneza, agora, de
chão plano: depós a publicidade do primeiro tomo das «Rimas», em 1791, em 1794 Bocage
é enjeitado, dejectado e rejeitado por a solerte «Nova Arcádia». O Poeta é
acolhido, depois, na Sociedade da Rosa, da Marquesa de Alorna, o que o leva a
ser suspeito por a polícia do Intendente Pina Manique. E é então que o seu Génio
lhe traz, infaustamente, a denúncia, o segredo e a prisão. Enfim, ele era
procurado por ser Autor, e feitor, de «papéis ímpios, sediciosos e críticos». À
cabeça dos quais se encontrava, preste e pronta, a libertina «Epístola a
Marília», mais conhecida por seu verso inicial, a «Pavorosa ilusão da
Eternidade». Procurado pois em casa do Cadete da Armada, André da Ponte de Quental
e Câmara, onde ele vivia, dessarte, por pura caridade, como o Elmano não
estivesse presente foi apenas detido o seu Amigo e hospedeiro. Que era, por ironia,
avô do Poeta Antero de Quental. Quanto a Bocage, ele foi preso, a 7 de Agosto
de 1797, a bordo da corveta «Aviso», onde se preparava pra partir para o
Brasil. E foi detido por o Juiz do Crime do Bairro da Rua Nova até ao dia 10 de
Agosto, data em que entrou, dolentemente, no lerdo Limoeiro. Julgado, no jugo,
por o Juiz desembargador Inácio José Morais Brito, este muda-lhe a culpa de
«delito contra o Estado» em «erro», afinal, «contra a religião». Foi então
transferido, a 14 de Novembro de 1797, para os ergástulos e cárceres da
Inquisição. Ali fica recluso durante três meses, ao fim dos quais o mudam,
imundos, para o mosteiro beneditino de S. Bento da Saúde – e foi o dia, ditoso
para as Musas, 17 de Fevereiro de 1798. Sendo a Arte, sempre e sempre, qual arteiro
anti-destino. Como quer que fosse, os frades Bentos o trataram, beletristas, com
Ágape e respeito – e, a 22 de Março de 1798, o transferem, desta feita, para o Hospício
de Nossa Senhora das Necessidades, dirigido, com «adresse», por os Oratorianos de
S. Filipe Néri. E o transferem, de facto, por ordem, superior, do Príncipe
Regente, o futuro monarca D. João VI. E com alento e valimento, amável e amigo,
do ministro, «misericordis», José de Seabra da Silva. Nos Oratorianos é
doutrinado, e ensinado, por o Frei Joaquim de Fóios. Este Frei e este Frade,
ele tem que se lhe diga: além de Poeta e filólogo, ele foi sócio-efectivo da
classe de Belas-Letras ou Literatura Portuguesa da Academia Real das Ciências
de Lisboa. E nos Oratorianos se cruza, cordato, o nosso Sadino, com o Padre
Teodoro de Almeida ( 1722 – 1804 ), um dos homens mais cultos do século XVIII
lusitano. Que esteve envolvido, desde o início, na fundação, e criação, da
mesma casa-Academia. Degustando, o Bocage, o remanso e o silêncio, aduz, desta sorte,
Hernâni Cidade: «Aproveita a rica biblioteca dos Oratorianos e exerce-se na
tradução de «Gerusalemme Liberata», de Tasso; da «Henriade», de Voltaire; da
«Colombiade», da tia-avó a que já aludimos; da «Pharsalia», de Lucano, e das
«Metamorfoses», de Ovídio.» E ele, correcto, bem recto e escorreito, é posto em
Liberdade, simbolicamente, a 31 de Dezembro de 1798. O seu, portanto, a seu
dono: em verdor da vida sua, a criança Bocage aprendera Latim com um Padre
espanhol, Don Juan Medina – e esse, pois, o laurel, e esse o papel da Igreja
Católica. Além do Latim, era perito e experto, o nosso menestrel, no italiano e
no francês. Não sendo, então, de estranhar, o seguinte e o requinte: pouco
depois de ele sair do hospício, Frei José Mariano da Conceição Veloso, director
da Tipografia Calcográfica do Arco do Cego, invitou, amavelmente, o Poeta das «Rimas»,
pra laborar, honestamente, qual tradutor, dessarte, e revisor de provas. Passou
então, o Sadino, a auferir de um ordenado, mensal, de 12800 réis. Mas quem era,
afinal, o Conceição Veloso??? Professor, sacerdote, missionário e botânico de
origem brasileira, este frade, franciscano, ele era em boas graças de Pina
Manique – e uma vez liberado o Poeta da clausura, ele pratica, com Bocage, o
Ágape, agora. Dom que ele retribui, graciosamente, à sua irmã Maria Francisca.
Sendo, esta, dama de companhia no lar, generoso, da Marquesa de Alorna, por
ocasião desta se ausentar para as plagas londrinas, a irmã mais nova do anarca
sonetista vai morar, acalentada, pra casa do Poeta. Ou melhor, a partir de 1802
os dous irmãos habitam, conjuntamente, na Travessa de André Valente, no número
25, terceiro andar. Os dous e a criança, pois era, Francisca, mãe solteira. E mais
um golpe, umbroso, do fado fatal: a 23 de Novembro de 1802 é acusado, ao Santo
Ofício, de ser pedreiro-livre; a autora da queixa era uma mulher fanatizada,
dogmatista e bigotista, de seu nome Maria Teodora Severiana Lobo Ferreira. O
processo, contudo, não teve seguimento por se encontrar, o bragante, bem
dolente e doente. Bem falho em ternura, e com fome de pão. E quem valeu, no fim
da vida, ao dicaz e Poeta, foi o proprietário, dessarte, do «Botequim das
Parras», contíguo, desta sorte, ao Nicola Café. Pois que foi, com efeito, no
«Botequim das Parras», que Elmano improvisou a «Pena de Talião». Ao que exalçamos,
com realce, José Pedro da Silva, o nominado, afectuosamente, José Pedro das Luminárias.
É que ele alumiava, solertemente, a frontaria do café, nos dias, deveras, de
gala nacional. Em sua locanda, a pintura dos frisos do tecto do interior
reproduzia, estesicamente, cachos de uvas e folhas de videira, e daí o seu nome
de «Botequim das Parras». Para acudir, economicamente, ao nosso Sadino, este
comerciante, amável e zeloso, ele vendia, pelas ruas, os «Improvisos de Bocage
na sua mui perigosa enfermidade» - e a verba oblatava ao amigo do Verbo. A este
opúsculo, ainda em 1805, se seguiu, selectamente, a «Colecção dos novos
improvisos de Bocage na sua moléstia». Este folheto continha, além dos poemas de
Elmano, poesias que lhe foram dedicadas por seus Amigos, amáveis e admiradores.
Mas nem só dos humildes vinha, para o Poeta, o vento favónio. Chegando ao fim,
mavioso, da sua labuta, o III volume das «Rimas», propalado e publicado em
1804, ele era dedicado, graciosa e gracilmente, à Condessa de Oyenhansen, quero
eu dizer, à Marquesa de Alorna. Sendo que, das «Rimas», o volume deutério, ele
vira a luz, leve e livre, em 1799. E está quase, no fim, esta Alma genial num
corpo irrequieto. Pois dolente, desgostoso e agastado, ele desencarna, a 21/
12/ 1805, vítima, fatal, de um aneurisma nas carótidas. Chegara, alfim, ao seu
termo, o volúvel, caprichoso, o quebra-corações Barbosa du Bocage. Mas antes do
passamento, ele confessou-se e comungou. E ele foi sepultado, a 22/ 12/ 1805,
na Igreja das Mercês, em Lisboa. A modular, a cantar, a salmear e a trinar. O
funeral foi pago, inteiramente, por o mercante, o marchante e relevante José
Pedro da Silva. Tinha toda a razão, meu querido chapinha, o feitor e Autor de «Eurico,
o Presbítero»: tu foste, na Ulisseia, um Poeta como poucos. Tu levaste, a
Poesia, dos salões para a praça pública.
NOTA BENE
Quase sempre o espírito superior
ele reconhece, deveras, o grande Génio acima dele. Aqui, portanto, eis o facto
e eis o feito: quando o Vate Filinto Elísio, no seu exílio parisiense, recebeu,
por correio, a primeira colectânea das «Rimas» de Bocage, eis o que ele escreveu,
no estupor, dessarte, e na estupefacção:
«Lendo os teus
versos, numeroso Elmano,
E o não vulgar conceito
e a feliz frase,
Disse entre mim: -
Depõe, Filinto, a lira,
Já velha, já cansada,
Que este mancebo vem
tomar-te os louros…»
Mas há mais, ainda mais: Menéndez
y Pelayo refere-se a Bocage como «el poeta de mas condiciones nativas que ha
producido Portugal después de Camões». E «last but not least»: do outro lado do
Atlântico, eis o que diz, eis o que aduz, o Poeta brasileiro Olavo Bilac ( 1865
– 1918 ): «Em Portugal, a arte de fazer versos chegou ao apogeu com Bocage, e
depois dele decaiu. Da sua geração, e das que a precederam, foi ele o máximo
cinzelador da métrica.» Quanto a nós, em lusa letradura, só há um sonetista
superior a Bocage, e esse sonetista é o Autor de «Os Lusíadas».
III
Augusto Ferreira Gomes era quase
um irmão para Fernando Pessoa. Deu a lume, em 1934, o livro de poemas «Quinto
Império», com exórdio, lilial, do Autor de a «Mensagem». Na dedicatória do volume
Augusto escreveu, mistericamente: «A Fernando Pessoa nascido no ano certo.» O
que é que isto, afinal, significa??? Em primeiro lugar, como sinalou, certeiramente,
João Gaspar Simões, 1888 é o ano de publicação de «A Doutrina Secreta», da
Madame Blavatsky. No atinente e respeitante a este lema e emblema, lembremos o
que Pessoa confessou a Adolfo Casais Monteiro, em carta, longa e leve, de 13 de
Janeiro de 1935: «A citação, epígrafe ao meu poema «Eros e Psique», de um
trecho ( traduzido, pois o «Ritual» é em latim ) do Ritual do Terceiro Grau da
Ordem Templária de Portugal indica simplesmente – o que é facto – que me foi
permitido folhear os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou
em dormência desde cerca de 1888.» Nesta cita Pessoa liga, inconscientemente,
ao seu ano natalício, a passagem de testemunho da Ordem Templária ao «Dharma»
do Poeta. Mas temos mais, ainda mais: em 1888 cria-se, em Paris, a Ordem
Cabalística da Rosacruz. Forjada e formada por, entre outros, Stanislas de Guaita,
Papus e Joséphin Péladan. E aqui temos, no lance, mais uma efeméride: em 1888 é
fundada, em Londres, «The Hermetic Order of the Golden Dawn», «A Ordem Hermética
da Aurora Dourada». À cabeça da sua formação esteve, com ardor, o triunvirato: William
Robert Woodman, Samuel Lidell MacGregor Mathers e, ainda, William Wynn Westcott.
Como elementos integrantes, três «personae» superativas, e portanto superlativas:
Bram Stocker, Aleister Crowley e William Butler Yeats. Sendo, o último, Prémio
Nobel da Literatura, em 1923. E sendo, o penúltimo, um mago diabólico e cúmplice,
do Pessoa, no escândalo, policial, da Boca do Inferno: vindo a Lisboa para conhecer,
propositadamente, o Autor e feitor da «Tabacaria», o Mestre Therion desembarca,
a 2 de Setembro de 1930, no cais da Rocha do Conde de Óbidos… E eis aqui o
Fado, e eis a Esfinge e fingimento em Fernando Pessoa……………….
Que Luz, 09/ 08/ 2021
SPES MESSIS IN SEMINE
PAULO JORGE BRITO E ABREU
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Símbolo da HIAL

Hermética Irmandade dos Amigos da Luz
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