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Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra - Coimbra (Portugal)
Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra - Coimbra (Portugal)


José Manuel Rabaça ( J. M. R. ) – Escreves desde a juventude. Queres fazer uma pequena biografia da tua actividade literária?

 

Paulo Jorge Brito e Abreu ( P. J. B. A. ) – Minha escritura, ou ventura, nasceu e verdeceu em 1975 – e é por isso que eu sou um homem dos ventos aprilinos. Quero eu dizer: não libertino mas libertário. Que Agostinho Maldonado, o ministério-menestrel, era Mestre e o mentor em Filosofia – e à Filosofia, portanto, reconduzíamos o Canto, a Poesia, a Literatura e as Artes Plásticas. E em sua tertúlia, que eu flamava e frequentava, a Língua Portuguesa era o «Logos», o legado e a ligação. E mais do que Filosofia em Portugal, o que interessava, em Agostinho, era a surpresa e Portuguesa Filosofia. Se passam vários anos, se passam, dessarte, os lustros e as Luas – e eu conheço, em 1978-1979, Poetas três: o Nuno de Sampayo, o Dórdio Guimarães – e fértil e feraz, o Escritor Fernando Grade. E me eles firmaram, afirmaram, com eles eu fiz, em fulgor, a profissão de Fé. E como é facto, e como é feito, em laudes e as laudas eu conheço um Poeta da minha geração – e em Boa Nova nomino, eu nomeio, numenal, o José Manuel Rabaça. Quero aduzir: no dia 06/ 07/ 1979, eu preste e pronto fui publicado – e era a juventa, o juvenil, o jovial «Jornal de Almada»… Que eu labutei, eu beletrista batalhei. E se abre, entanto, um novo capítulo na minha Escritura: eu sou caloiro, em 1980, da Universidade Nova de Lisboa: foram nessa Faculdade os Estudos Gerais. E juntamente com João Belo, o promotor e o cultor, eu enceto a cruzada do Surrealismo… E também, na beatitude, do Movimento «Beat». Muito tempo depós, já nos anos noventa, no Jornal «Artes e Artes», de Lisboa, eu sou o Crítico Literário – e eu forjei ou formei, com Ulisses Duarte, o hinário-binário do Catolicismo. Quis o Pai Celestial que, em 1999, eu fosse nomeado, em parabém, Sócio Correspondente da Academia Carioca de Letras; que eu recebesse, em 2000, a Medalha Peregrino Júnior da União Brasileira de Escritores; que eu fosse, em 2006, medalhado, por a Escola Secundária D. Diniz, por o meu contributo para a Cultura Portuguesa… E é tempo de o frisar, é tempo de o dizer: minha venera, o Ganha-Pão e lauréis, eu os dedico, providente, a Sua Santidade, o Bento XVI……..

 

J. M. R. – Para ti o Poeta é um solitário ou vive no «mesmo mundo» dos outros homens?

 

P. J. B. A. – A pergunta é pertinente, e carece, e merece, a nossa atenção. Pois, de uma vez por todas, Platão rejeitou, e dejectou, o Poeta e Cantor da sua República. Ou melhor: postado, o Poeta, na ex-centricidade do Ser, sua pátria é o sonho, o Mito, e o pensamento selvagem. De um lado, portanto, nós temos Bocage – e do outro, numa «polis» ou Polícia, o Intendente Pina Manique. De um lado, entanto, nós temos Camões – e do outro a reacção, o roaz e a rudeza, «Duma austera, apagada e vil tristeza». Que aos olhos da norma e das pessoas «normais», o Poeta é criminoso porque ele porta, a feeria, para a voz do mundo vígil – e o verso, por isso, é diverso, e por isso eu escrevi as «Loas à Lua». Quero eu dizer: se estriba, a Poesia, no «rêve éveillé» - e o sonho subverte, no soneto, os princípios da identidade, do terceiro excluído, e da não contradição. Que o Poeta, ademais, é saltimbanco, ele transmuda, e ele transforma, a verdade na mentira, da mentira ele faz a mente e a máscara sublime. E vive, o pelotiqueiro, no fio da navalha, e vive, o Acrobata, na batalha-«Bateleur» - e daí as Bacanais, e a festa mais poética, elas são as Saturnais...........

 

J. M. R. – Nos tempos da Universidade, éramos todos um pouco agnósticos, mas neste momento, tens uma relação diferente com a Religião. Diz-nos como foi essa transformação.

 

P. J. B. A. – Deixei-me seduzir, na juventude, por as cousas do século. Mas o Vate é Vaticano. Mas actualmente, na Teosofia, eu amo a Deus com todo o coração, com toda a minh’Alma e com todo o entendimento. Porque a reza é razoável. Porque a Fé é o fundamento das coisas que se esperam, o argumento das que não se vêem – e essa a escola e o escopo da especulação. E eu sou pois qual hermético Eremita, eu ponho a Rosa, gloriosa, no centro da Cruz. Pois seguindo e segundo o Santo Agostinho, a medida do Amor é amar sem medida; me seja feito, sempre e sempre, de acordo com a Fé que eu tenho em Paracleto. E eu não quero calar a calma. Nem a bonança, tão-pouco. Pois seremos os discípulos de Nosso Senhor, conheceremos a Verdade – e a Verdade, alfim, nos libertará. E toda a Luz que eu possa, dessarte, irradiar, ela volta, a mim, dilatada e ampliada. E todas as palavras que eu proferir, serão parábolas da Paz e as românticas de Roma. Pois no sagrado e no segredo, há selectos cinco anos, eu estava em provação, e portanto em privação – e frente à estátua de Gualdim Pais, em Tomar, eu fiz um voto perante Deus e o juramento Templário – e por isso as Camenas e por isso, nanja acerbo, eu sou soldado, curial, no Exército do Verbo...........

 

J. M. R. – Procuras, através da escrita, transmitir a tua concepção do mundo aos outros?

 

P. J. B. A. – Tal procuro, como é claro. Pois como asserta o Evangelho, a Messe é lauta e é larga, mas são parcos e poucos os laboradores. E como sucedia, outrossim, com Fernando Pessoa, «tudo o que em mim sente está pensando». Não basta, dessarte, conhecer a Verdade, é preciso, outrossim, o criá-la e acrescê-la, o cooperar, com Deus Pai, no projecto Criacionista. Procuro transmitir, ao meu legente ou ledor, a Filosofia, o meu Verbo, a Escolástica da Vida. Que o pensar é pôr o penso – e o exprimir é espremer o pus e o fel da ferida narcísica. Se «a «globelização», como afirma João Belo, «é a globalização da Beleza», ao pulcro eu acrescento a Bondade e a Verdade – e são Biblismo e a Biose, e são as vozes recônditas que vêm do Ser… Pois acertava o Heidegger, pois o Verbo é minha Casa – e as palavras, dessarte, a minha habitação. E se a Mente é o metro, a Poesia, portanto, é Matemática; teoria da Poesia é qual sagrado e o segredo da Filosofia. E se a matéria é da madeira, foi com o peso, o metro e a medida que construiu, o nosso mundo, o Grande Arquitecto do nosso Universo. Pois eu prego, também, a Boa Nova de Novalis – e é qual Jove e jornalismo, e é o mágico e ático laboratório...........

 

J. M. R. – Que pensas da actual situação política de Portugal e da Europa?

 

P. J. B. A. – Impera e prolifera, na Europa, a vida de atoleiro e materialeiro. Está a fazer, o nosso Portugal, a baixa e abjecta descida aos infernos… De tanto lidar o homem com bagatelas, motores e computadores, o esquecimento do Ser, ele é, outrossim, o olvidamento e o passamento da humana pessoa. Vem agora, à colação, o romanço Rabelais: «Ciência sem consciência não é senão a ruína da Alma». Em causa e em crise a Igreja Católica, não deixa de ter, o ser humano, a metafísica, a levítica necessidade – mas a diverge e a desvia, ou para seitas simianas, ou para milenarismos e messianismos, pra comunismos, dessarte, sem Messias Salvador. Quanto à pátria de Camões, o que eu tenho a dizer, e a aduzir, é que o futuro do nosso país, ele será, o que for hoje, a Educação, a Cultura e os Estudos Gerais. Apostemos, também, na Agricultura, na Arte Sacra e nas Ciências Humanas – e se verá, reduzido, o desemprego e a recessão. Ou como eu assertava, lucidamente, em poema luzido: «A República é Teatro, / É nocturna e é feral; / Hoje és asco, e és o atro… / Acorda, Portugal!!!»

 

Queluz, 28/ 05/ 2012

 

COOPERATORES VERITATIS

 

PAULO JORGE BRITO E ABREU