Seja Bem-vindo ou Bem-vinda ao meu Sítio, que é dedicado ao Anjo de Portugal e ao Grémio e Grupo da Filosofia Portuguesa.


NARCISO

Atiram pedras aos outros
por verem espelhos em tudo
para não ser como eles
fecho os olhos fico mudo

Mas ainda assim e sempre
é sempre comigo que eu ando
amando-me continuamente
em tudo o que vou amando

Narciso afinal não foi
o que não o seja algum
e a eternidade o que é
senão a vida de cada um?

É impossível que o mundo
por mais que nos minta a voz
não seja antes de tudo
absolutamente nós

Cada um é como o outro
ofuscante torre de marfim
de si para si murmurando
não consigo viver sem mim

Lisboa, 27/ 01/ 1985


JOÃO BELO